Photo: Pixabay
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Filosofia para quê, mesmo?

Este deve ser o objetivo de todos os gestores e líderes: A filosofia educacional da instituição compartilhada e vivenciada por todos os educadores.

South American May 29, 2017

Recentemente na sala dos professores de uma escola cristã uma professora afirmava para uma colega: “Estou aqui para ensinar Matemática, não para ensinar valores nem me ocupar com assuntos de natureza espiritual. Afinal, estou aqui para ganhar dinheiro!” Esta afirmação tem alguma coisa a ver com Filosofia da Educação?

Você está aplicando uma avaliação e observa que seu aluno, adolescente está usando um meio fraudulento de obter as respostas corretas. Sua decisão de como agir diante deste fato tem alguma coisa a ver com Filosofia de Educação?

Para ambas as situações, a resposta é: sim! Os atos mais corriqueiros do cotidiano de uma Escola falam sem palavras das crenças básicas que alicerçam a instituição. Da mesma forma, ainda que não disponível na consciência imediata dos educadores, sua visão de mundo está subjacente a seus atos.

Muitas vezes, de forma equivocada, departamentalizamos a “Filosofia” como algo extremamente abstrato, etéreo, para poucos privilegiados que gastam seu tempo “filosofando” em oposição aos “pragmáticos” que “fazem as coisas acontecerem”.

Porém, quer tenhamos consciência ou não, desde que adquirimos, na adolescência, a capacidade de hipotetizar, abstrair e refletir, buscando sentido para a existência humana, para os fenômenos e acontecimentos que nos cercam, estamos “filosofando”. Buscamos significado para a vida e desenvolvemos ao longo dela nosso conjunto de crenças, valores, propósito e o autoconhecimento.

Quem escolhe exercer sua atividade profissional na área da Educação, precisa desenvolver esta capacidade de refletir voltada para os fenômenos educacionais. Se atua numa instituição cristã, prioritariamente necessita conhecer a visão cristã que fundamenta a filosofia educacional. Certamente esta visão derivará da Bíblia. Além disso, a maioria das instituições educacionais de alguma confissão cristã, sistematiza em documentos os pressupostos da Filosofia Educacional que as orienta.

Mas, conhecer é suficiente?

Uma Filosofia de Educação só se concretiza na proporção em que se reflete no exercício da Práxis educacional. Ou seja, minha prática reflete “minha” filosofia. Preciso apropriar-me de uma Filosofia Educacional para que ela de fato se concretize. Ao selecionar e desenvolver práticas educacionais, elas precisam estar em harmonia com minhas convicções. Estas, por sua vez, devem ser partilhadas com a comunidade educacional onde exerço minhas atividades.

A Filosofia Educacional deve ser “pessoal” e “coletiva”. Este é um desafio constante para qualquer sistema educacional e torna-se maior quando se trata de um sistema confessional. Este deve ser o objetivo de todos os gestores e líderes: A filosofia educacional da instituição compartilhada e vivenciada por todos os educadores.

Mas como alcançar este objetivo? Algumas dicas que selecionamos tendo em vista uma escola cristã:

1. Tome tempo sistematicamente para reler os pressupostos filosóficos da educação cristã que adotou como “sua”.

2. Faça sempre estas perguntas para si próprio:

· O que é Educação?

· Para que educamos?

· Quem educamos? (Natureza humana)

· Quem educa? (Perfil do Docente)

3. Crie oportunidades para troca de impressões e reflexões com os demais colegas.

4. Faça um exame constante dos processos e práticas educacionais à luz das crenças filosóficas básicas.

5. Diante de um dilema, escolha uma solução que fortaleça o propósito redentivo da educação. Pergunte:

· Esta decisão permitirá que o educando seja restaurado à imagem de Deus?

· Esta decisão promoverá no educando a independência ou a dependência de Deus?

Então, para que serve a filosofia da educação? Para dar sentido a toda a atividade que se desenvolve numa escola.

Knight refletindo sobre isto afirmou: “Só quando os professores entendem claramente sua filosofia (grifo nosso) e examinam e avaliam suas implicações para a atividade diária em um cenário adventista é que eles podem esperar ser eficazes em atingir seus objetivos pessoais e os objetivos das escolas para as quais eles lecionam”.

Uma escola cristã, sem uma filosofia cristã claramente compreendida e implementada torna-se uma contradição perigosa. Afinal, a Filosofia faz toda a diferença!

ARANHA, M. Filosofia da Educação. São Paulo, Moderna. 2005.

HENDRICKS, H. Manual de Ensino para o educador cristão. Rio de Janeiro, Editora CPAD, 1999.

KNIGHT, George R. Filosofia da Educação Adventista, Revista Educação Adventista, Departamento de Educação da Associação Geral, número 33, ano 2012.

SMITH, René Rogelio. El Proceso Pedagógico: ?Agonía o ressurgimento? Uma búsqueda desde la cosmovisión bíblica. Publicaciones Universidad de Montemorelos: Nuevo León México, 2005.


Nota: Artigo escrito e postado em Português

Author

Thalita Silva

Thalita Regina Garcia da Silva, Mestre em Educação pela Universidade Estadual Paulista, atua como Coordenadora Pedagógica na Associação da Igreja Adventista em Campinas, Brasil. Serviu como educadora nos diferentes níveis de ensino em várias instituições do Brasil por 40 anos.

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