Como vou saber se meu aluno tem Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)? Esta pergunta parece tola, afinal pelo senso comum sabemos que a pessoa com esse transtorno é elétrica, faladeira, mal-educada, impaciente, desatenta, às vezes agressiva e desafiadora.
Mas, será que toda pessoa que tem estas características pode ser considerada como tendo Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade? A resposta é não! É bom lembrar que o meio em que a criança vive pode causar comportamentos semelhantes. Além disso, existem muitos outros fatores provocativos desses tipos de comportamento. Portanto, rotular não é uma boa opção.
Se você tem um aluno com algumas ou muitas destas características o melhor a fazer é encaminhá-lo a um neuropediatra ou psiquiatra infantil. Só um clínico especializado poderá confirmar a presença, ou não, deste transtorno. Comorbidades podem piorar o quadro, e esses profissionais são os mais indicados para diagnosticar e tratar o conjunto de sintomas. O psicólogo é um auxiliar também importante nesse processo.
Há três tipos principais de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, de acordo com a classificação do DSM-IV (Diagnostic and Statistical Manual, 4th edition):
1. Tipo Desatento – Forma mais comum na população em geral
As características mais comuns do Transtorno tipo Desatento são a desatenção, resistência à distração, dificuldade em sustentar o esforço em atividades mais exigentes e percepção da passagem do tempo.
2. Tipo Hiperativo-Impulsivo – Forma mais rara
A agitação, hiperatividade, impulsividade são mais marcantes no Transtorno tipo Hiperativo-Impulsivo. A hiperatividade pode ser um problema, uma vez que perturba o ambiente ao redor. A busca constante por estimulação, impulsividade e dificuldade em pensar antes de agir pode trazer consequências, tanto para crianças quanto para adultos.
3. TDAH Tipo Combinado /Misto – Forma mais comum nos consultórios e ambulatórios
Apresenta simultaneamente as características dos tipos desatento e hiperativo-impulsivo. É o que causa maior prejuízo ao próprio portador e aos que o cercam.
Na sala de aula
Seguem algumas dicas práticas de como o professor pode levar o aluno “agitado” a perceber seu comportamento inadequado e ajudá-lo a desenvolver o autocontrole:
· O aluno deve sentar na primeira fila, longe da janela;
· Rotinas constantes e previsíveis;
· Falar de forma clara e resumida;
· Usar recursos audiovisuais e lousa;
· Não exagerar nos estímulos para não provocar superestimulação;
· Conversar com o aluno sobre suas dificuldades e suas sugestões sobre como as coisas poderiam ser mais fáceis;
· Estabelecer poucas regras e estimulá-lo a segui-las;
· Equilibrar exigências de cumprimento das regras com flexibilização de comportamento;
· Tentar modificações graduais no aluno;
· Perceber o nível de frustração do aluno, adaptando-se às suas necessidades de movimentar-se;
· Torná-lo o “ajudante” oficial da classe para que possa movimentar-se mais que os colegas;
· Fornecer feedback imediato e consistente do comportamento;
· Elogiar e premiar quando apresentar comportamento adequado;
· Evitar punir por comportamento inadequado;
· Sinalizar quando há mudança de tarefa ou atividade;
· Ressaltar diferencialmente pontos importantes nas referidas tarefas;
· Usar agenda do aluno para comunicação com pais;
· Passar das exigências mais simples às mais complexas gradualmente;
· Lembrar que coisas simples como permanecer assentado pode ser dificílimo para quem tem esse Transtorno.
Resumimos só algumas sugestões de procedimentos. No entanto, o professor tem material abundante em livros e na Internet com diversas dicas sobre como trabalhar esses alunos. A pesquisa é essencial para ajudar você a fazer desse estudante uma criança realizada e bem-sucedida.
(Baseado no livro No Mundo da Lua – perguntas e respostas sobre Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade em crianças, adolescentes e adultos – Paulo Mattos, Lemos Editorial, SP, Brasil).
Nota: Artigo escrito e postado em Português
3 comments
meu filho tem TDAH… não sei qual profissional procurar… já procurei um neuro, mas não resolveu. ele tem 12 anos… além do transtorno sofre c ansiedade e tem problemas para socializar-se… prefere ficar sempre sozinho.
Olá Sandra, você pode entrar em contato com a autora do artigo. Também pode procurar uma psicóloga ou psicopedagoga para te orientar sobre isso.
Amei o texto! Objetivo e prático! Amei de verdade. Vou buscar mais informações, pra juntar a estas em minha sala de aula. Muito obrigada!