Projeto sobre a gravidez precoce

Vivemos numa sociedade onde nossos jovens são frequentemente bombardeados negativamente pelas mais variadas formas como: amizades ruins, violência, drogas, pornografia e músicas pervertidas. Como professores da Rede Adventista de Ensino, buscamos auxiliar nossos alunos a entenderem o grande mal que essas práticas causam em nossas vidas. Quando era adolescente, alguns amigos meus passaram por algumas dessas situações, assim decidi desenvolver um projeto de dois meses com os alunos do 8° ano do Ensino Fundamental, já que entre os assuntos estudados nessa série estão o sistema reprodutor e questões sobre a adolescência.

O projeto foi desenvolvido em duas unidades educacionais do Rio de Janeiro, Brasil: o Colégio Adventista de Jacarepaguá e o Colégio Adventista de Padre Miguel (sendo que este último, fui aluno do Colégio de 2008 a 2010). Tais colégios estão situados em regiões carentes do Rio de Janeiro onde péssimas amizades, drogas, pornografia, violência e músicas pervertidas estão em extrema evidência.

Projeto

Por dois meses, em todas as aulas da semana, pedi que os alunos trouxessem um “bebê” formado por dois sacos de arroz de 1kg cada ou por uma boneca (para as meninas) com o peso também de 2kg. A ideia era esse “bebê” ser cuidado, mantido, participado inclusive das aulas de quaisquer outros professores. Os estudantes também precisavam realizar outros cuidados básicos como momento de ninar, alimentar, banho de sol e troca de fraldas.

Este trabalho valia 10 pontos que eram obtidos através da observância das regras que impus a todos eles durante os dois meses de atividades. Como não podia estar sempre com eles, escolhi alunos confiáveis de cada turma além dos inspetores para relatarem qualquer erro por parte deles, para que fossem descontados e, assim, eu teria o controle da pontuação.

A princípio, houve resistência de alguns pais que não entenderam o intuito. Porém, com o passar do tempo, os mesmos começaram a apoiar e a darem continuidade ao trabalho também em suas residências, já que viram o quão sério é o tema e que também é dever deles apoiar o Colégio nesta situação para o próprio crescimento de seus filhos. Inicialmente pensei que teria problemas com os pais, mas passei a tê-los como colaboradores neste projeto.

Desde quando lancei o projeto, os alunos não levaram muita fé por realmente acharem que o trabalho seria fácil e que se dariam bem. Mas, à medida que o tempo foi passando, eles viram quão difícil e desgastante é ter um filho em qualquer idade, principalmente a deles que não estão preparados para assumir tal responsabilidade. No fim do trabalho, fizemos uma mesa redonda com o objetivo de avaliarmos o que aprendemos.

Confesso que esse foi um dos meus trabalhos mais marcantes, tanto que fiz por dois anos seguidos. Fico satisfeito que, mesmo que hoje eles não sejam mais meus alunos, eles me param toda a semana para conversarmos. De alguma forma, voltamos a falar deste trabalho e como tal experiência foi significante na vida deles. Os resultados foram extremamente positivos e me sinto realizado de poder contribuir para a vida deles.

Author

Johny Chantre

Chantre, licenciado e bacharel em Ciências Biológicas modalidade Biotecnologia e Produção pelo Centro Universitário Estadual da Zona Oeste, Brasil. É mestre e doutorando em Ciência e Tecnologia de Polímeros pelo Instituto de Macromoléculas Professora Eloísa Mano, Universidade Federal do Rio de Janeiro e com parceria com a Universidade Federal de Lavras. Atualmente leciona biologia para alunos do ensino médio da Faculdade Adventista de Minas Gerais, Brasil.