O preconceito linguístico em sala de aula

Umas das formas de melhorar os aspectos discriminatórios, chamados de preconceito linguístico, seria proporcionar ao aluno uma democratização da linguagem.

Teaching August 5, 2020

Umas das formas de melhorar os aspectos discriminatórios, chamados de preconceito linguístico, seria proporcionar ao aluno uma democratização da linguagem. PERINI (1999, P.60) defende que a escola tem o objetivo de promover o ensino cidadão e consciente da diversidade e das práticas intrínsecas da linguagem, pois linguagem e educação estão entrelaçadas com os processos de dominação. Os professores precisam trabalhar essas questões nas aulas de língua portuguesa, a fim de amenizar o estranhamento deste aluno na escola.

De acordo com Bagno, “… o que vemos é que esse preconceito ser alimentado diariamente em programas de televisão e de rádio, em colunas de jornal e revista, em livros e manuais que pretendem ensinar o que é “certo” e o que é “errado” (BAGNO,2005).De acordo este estudioso, outros elementos tradicionais de ensino da língua portuguesa, como a gramática e alguns livros didáticos também alimentam e contribuem significantemente para o preconceito linguístico.

É indubitável que o conhecimento do falante sobre sua língua é inerente a sua própria vivência em sociedade. O “erro” ou “acerto” que Bagno afirma na citação acima, é um conceito muito utilizado para chamar a atenção sobre os desvios do uso da norma padrão, é mais uma forma de punir ou excluir o falante que não segue o padrão linguístico preestabelecido pela classe dominante. Contudo, Bagno (1999, p.149) coloca que “[…] qualquer criança entre os 4 e 5 anos de idade já domina plenamente a gramática de sua língua”.

De acordo com Moura (2016, p. 84) existem os tipos de gramáticas:

  • Gramática normativa ou prescritiva: Dedica-se ao estudo somente dos aspectos da língua padrão.
  • Gramática descritiva: Descreve e registra as unidades, categorias e mecanismos de uma determinada língua. Valoriza o trabalho de observação e descrição que se faz de uma determinada língua em um momento e local específicos, procurando entender seu funcionamento.
  • Gramática internalizada: Compreende ao conjunto de regras dominado pelos falantes de um idioma.
  • Gramática implícita: Conhecimento inconsciente de todos os níveis de constituição e funcionamento da língua (fonológico, fonético, sintático, morfológico, semântico, pragmático e textual-discursivo)
  • Gramática explícita ou teórica: Compreende todos os estudos da língua, por ela mesma, que procuram explicitar sua estrutura, formação e funcionamento.
  • Gramática reflexiva: Envolve as atividades de observação e reflexão sobre a língua que procuram identificar e explicitar a sua formação e o seu funcionamento e, a partir destes, tenta explicar a gramática implícita do falante.
  • Gramática contrastiva ou transferencial: Descreve duas línguas em concomitância, contrastando-as a fim de detectar aspectos comuns a ambas.
  • Gramática geral: De acordo com BORBA (1971, p 81) “Compara o maior número possível de línguas, com o fim de reconhecer todos os fatos linguísticos realizáveis e as condições em que se realizarão”.
  • Gramática Universal: TODOROV E DUCROT (1978) “Gramática de base comparativa que procura descrever e classificar todos os fatos observados e realizados universalmente”.
  • Gramática histórica: Estuda a origem e a evolução de uma língua, acompanhando todas as suas fases nesse processo.
  • Gramática comparada: Realiza o estudo que a gramática histórica faz, mas de várias línguas com o objetivo de encontrar aspectos comuns entre elas.

A importância de conhecer todos esses conceitos está na reflexão e na compreensão de como este conhecimento pode embasar o estudo sobre o preconceito linguístico e com qual das gramáticas este está relacionado.

Referências:

BAGNO, M. Preconceito linguístico: O que é, como se faz. 49 ed. São Paulo: Loyola, 1999

___.  A língua de Eulália: novela sociolinguística. São Paulo: Contexto, 2005.

___. Não é errado falar assim! Em defesa do português brasileiroSão Paulo: Parábola Editorial, 2009.

MOURA, Marilda Franco de. Linguística aplicada ao ensino de Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Seses, 2016.

PERINI, Mário A. A gramática descritiva do Português. São Paulo: Ática, 1999.

Author

Daiane Daniele Moro Oliveira

Daiane é pedagoga e profissional de Letras - Português. Formada em Pedagogia pela Universidade Estadual de São Paulo em 2006, e formada em Letras – Português pela Universidade Estácio de Sá, Rio de Janeiro em 2019. Trabalha há 14 anos como professora na Rede Adventista. Atualmente, tem a função de Orientadora Educacional no Colégio Adventista de Niterói, Brasil.

Leave a Comment

Your email address will not be published. Required fields are marked *