Neuropsicopedagogia na inclusão escolar (Parte 1)

O espaço escolar é um dos principais espaços que a criança possui para receber estímulos fora do ambiente familiar, por isso a preocupação deve estar centrada na interação, socialização e aprendizado.

Teaching December 18, 2019

O desenvolvimento pleno do potencial humano começa a ser estimulado na infância e para que a aprendizagem seja efetiva é preciso estar inserido em ambientes repletos de motivações. Ambientes que promovam oportunidades ao desenvolvimento cognitivo e social, sempre levando em consideração que a criança aprende brincando e de maneira socializada.

A escola é um dos principais espaços que a criança possui para receber estímulos fora do ambiente familiar, por isso a preocupação deve estar centrada na interação, socialização e aprendizado. Com isso a escola se torna um espaço propício para ser desenvolvida a prática neuropsicopedagógica, a neurociência se torna um instrumento para o professor e para a escola, com o intuito de conseguir desenvolver o potencial máximo dos alunos.

Nesse contexto Russo (2018, p. 25) lembra que “não basta o professor conhecer apenas conceitos sobre como o sistema nervoso funciona durante a aprendizagem, é necessário o conhecimento sobre como intervir no processo”. Segundo Correia e Martins (2006, p. 01) “cada criança é diferente, mas se detectada precocemente e devidamente ajudada, pode vir a ser um adulto sem problemas”. Entende-se que existe uma individualidade no modo de se aprender, nas preferências, curiosidades, capacidades e estilos de aprendizagem, assim como no tempo para que ocorra a compreensão.

Com a ausência do olhar neuropsicopedagógico no momento do ensinar, uma aprendizagem consolidada e sem rótulos não será uma realidade no espaço escolar. O neuropsicopedagogo utilizará protocolos de observação que contemplem fundamentos básicos como funções executivas, atenção, linguagem, habilidades sociais, raciocínio lógico – matemático e desenvolvimento neuromotor, podendo realizar encaminhamentos quando necessário.

Todas as dificuldades de aprendizagem são relativas e estão em um contexto específico, por isso é necessário o profissional ser um facilitador do processo de ensino e aprendizagem. O professor pode contribuir nesse processo com metodologias que venham sanar as dificuldades que possam surgir no processo de aprendizagem e promover a inclusão de alunos com alguma necessidade especial.

Como mediador, o professor deve escolher criteriosamente metodologias que contribuam para:

  1. A superação das dificuldades de aprendizagens apresentadas por seus alunos de maneira que atinjam um conhecimento consolidado;
  2. Evitar problemas para aprender nos anos posteriores de sua vida escolar;
  3. Conseguir promover inclusão de alunos com NEE;
  4. Incluir aulas lúdicas, práticas e interativas.

As atividades lúdicas são fundamentais no desenvolvimento infantil, já que por meio deles as crianças aprendem a agir, tem a curiosidade estimulada e adquirem iniciativa e autoconfiança, proporcionando o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração. Cabe ao profissional desenvolver seu trabalho utilizando ferramentas técnicas e práticas, com embasamentos científicos e culturais. Para Smith e Strick (2001, p.36), “as crianças com dificuldades de aprendizagem, podem ser brilhantes, criativas, talentosas em outras áreas, mas em nossa sociedade, onde se valoriza muito o desempenho escolar, estas crianças sentem-se fracassadas, principalmente se comparando com as crianças que apresentam um melhor desenvolvimento cognitivo”.

Pensar em uma sociedade inclusiva envolve aceitação das diferenças, respeito e compromisso com a mudança. Contudo, a didática utilizada pelo professor tem fundamental importância diante dos processos de ensino e aprendizagem, principalmente as estratégias de ensino que favoreçam a flexibilidade do currículo e o atendimento à diversidade em relação aos níveis de abstração e o ritmo de cada aluno, agindo de maneira objetiva e certeira mediante aos primeiros sinais de dificuldade de aprendizagem.

Você, enquanto profissional da Educação, o que tem feito em prol de metodologias mais dinâmicas e atualizadas em suas aulas?

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação nacional, LDB: lei 9394/96. Brasília: Diário Oficial da União, Ano CXXXIV, n.248, de 23/12/96, pp. 27.833-27.841,1996.

______. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. Resolução n. 2, de 11 de setembro de 2001. Institui Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Brasília, DF, 2001. Disponível em: < https://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/CEB0201.pdf >. Acesso em: 14 Jul. 2019.

______. Debates em Educação – ISSN 2175-6600. Maceió, Vol.6, n. 12, Jul./Dez.2014. Disponível em: <https://www.seer.ufal.br/index.php/debateseducacao/>. Acesso em 16 Jul. 2019.

MALUF, Maria Irene. Entenda mais sobre a Dificuldade de Aprendizagem em crianças. Publicado em 27 de fevereiro de 2011. Disponível em: < https://www.anitamulher.com.br/anita/entenda-mais-sobre-a-dificuldade-de-aprendizagem-em-criancas/>. Acesso em: 13 Jul. 2015.

______. Ministério de Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Básica. Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil. Brasília, DF: MEC, 2006a, 2v.

NTCTP-SBNPp. Nota Técnica Nº 01/2016. Conselho Técnico-Profissional da SBNPp. Disponível em: < https://sbnpp.org.br/wp-content/uploads/2019/05/Nota-T%C3%A9cnica-01-2016-agosto.pdf >. Acesso em: 16/07/2019.

NTCTP-SBNPp. Nota Técnica Nº 02/2017. Conselho Técnico-Profissional da SBNPp. Disponível em: < https://sbnpp.org.br/wp-content/uploads/2019/05/Nota-T%C3%A9cnica-n.02-2017.pdf >. Acesso em: 16/07/2019.

SMITH, Corinne; STRICK, L. Dificuldade de Aprendizagem de A a Z: um guia completo para pais e educadores. Tradução Dayse Batista. Porto Alegre: Artmed, 2001.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEUROPSICOPEDAGOGIA – SNBPp (Brasil). Resolução nº 03/2014. Código de ética técnico profissional da neuropsicopedagogia. Disponível em: <https://sbnpp.org.br/wp-content/uploads/2019/05/Codigo-de-etica-atualizado-2016.pdf> Acesso em: 16/07/2019.

VYGOTSKY, L.S.; LURIA, A . R. ; LEONTIEV, A. N. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. 8. ed. São Paulo: Ícone, 2001. p.59-83 e p.119-142.

Author

Letícia Araujo

Letícia é cantora e educadora. Licenciada em Pedagogia (2014) e Pós-Graduanda em Neuropsicopedagogia Institucional e Educação Especial Inclusiva (2019). Coodernadora Geral do departamento Kids na AD Madureira. É professora do 4º ano na Escola Adventista de Uberaba, Minas Gerais, Brasil.

    1 comments

  • | January 8, 2020 at 10:07 am

    I loved this article!

Leave a Comment

Your email address will not be published. Required fields are marked *